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<< “O mundo como
fábula, como perversidade e como possibilidade” nos “Castores
Pirados”: Mas, e o Direito?
Ângela França de
Brito
Quando o Professor
Milton Santos escreveu seu estudo “derradeiro”, “Por Uma Outra
Globalização”, percebeu o quanto a chamada “prosa do mundo”,
como bem identificou Foucault, poderia se auto representar
‘globalísticamente’ em seu contexto mais premente, que é o
lucro obtido por meio da “prestimosa” ampliação, da
mundialização dos negócios, a chamada Firma, termo usual no meio
das pesquisadoras da área de economia, para caracterizar o agir
capitalista com mínimos gastos, tecnologia homogeneizadora e pouco
esforço, visando alto retorno de capital.
Sob a alegação do
discurso das “benfeitorias” e da democratização do acesso
mundial aos bens e serviços, sub existe a meta dos ganhos
hiperbólicos por meio da implantação de uma indústria cultural
nas Culturas e Civilizações locais, o que para Adorno representa um
meio de usar a racionalização tecnológica como dominação e
padronização de bens em série. O que destoa enormemente do normal
processo de Recriação Cultural da Humanidade.
Justamente neste
aspecto é que se torna possível, talvez, desvendar, quiçá
compreender, o teor da “confusão”, segundo Santos, produzida
pelos “novos
materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade
(...) e a aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria,
a começar pela própria velocidade”.
Teor este, que intenta de fato a imposição de quimeras como se
verdade fora. Ou é.
Para corroborar com
tais prenúncios, eis que em 1997, nos Estados Unidos surgem os
“Castores Pirados – Angry Beavers”, uma série de desenho
animado, cujos episódios tinham duração de, aproximadamente, dez
minutos, criado por Micht Schauer, Keith Kaczorek, exibida pela
Nickelodeon no período de 1998 a 2003. No Brasil, foi exibido
inicialmente pela Rede Globo, entre 2007 e 2011.
Os “Castores
Pirados”, são dois personagens castores, irmãos. Um deles,
concentrado, pretensamente intelectual e supostamente requintado,
chamado: Daggett; e o outro, Norbert, uma figurinha escrachada, sem
muitas aspirações a ser tão “inteligente” quanto o irmão, e
totalmente atrapalhado, entretanto, é o “bobo” que desconstroi a
moral vigente, da moral que é dada como certa e inequívoca, que, no
estudo de Juliana Leal Dorneles, sobre o palhaço e a
pós-modernidade, serve como meio de acessar certa profundidade em um
mundo onde a superficialidade exibida como profundidade nada mais é
do que todo arcabouço montado para a produção e o consumo.
Porém, enquanto o
“clown”
de Leal Dorneles é o “avesso
de si mesmo”,
e como “elemento
disfuncional nas sociedades e culturas, detêm a capacidade de
manter-se a salvo”,
de certo modo, justamente da superficialidade e massificação que
lhe é imposta. É o contrário de Norbert Castor, que, ao invés de
inteligente, demonstra como traço principal uma intensa mandriice,
cujas ações atrapalhadas ao extremo demonstra o quanto de fato é
um “cretino”,
termo usado pelos meios da Psicologia e Psiquiatria no passado, o
qual, na atualidade foi substituído pelo termo: “retardo mental
leve”, ( que destoava de: “idiota e imbecil”, estes,
respectivamente, significando retardo mental grave e médio)
demonstrado, com mestria, no episódio “Tough Love, ou Amor Louco”
(com storyboard de Kelly James), onde, Norbert confunde um crocodilo
violento, com uma lagartinha pela qual, seu irritante amiguinho Bing
o Lagarto, se apaixonou. E tenta, a todo custo, convencer o réptil
a tornar-se namorado de Bing. Como consequência, sofre todo tipo de
desventuras, dentre elas, terríveis mordidas. Em cenas, é claro,
comum a esse tipo de produto, hilárias. É possível que Norbert,
seja mesmo dotado de “retardo
mental grave”.
Porém, como saber, de fato qual o estado mental deste, se afinal ele
é tão somente um personagem.
Em,“Tough Love”,
é possível perceber a apropriação e disseminação de dados
culturais reais, transformados pelo Mercado, em produto da indústria
cultural, como por exemplo: A cultura dos lutadores mascarados
mexicanos; o costume medieval de troca de lembranças em todo 14 de
fevereiro, que, no continente europeu era, ou é, o período de
acasalamento de dados pássaros, bem como outros símbolos culturais.
Cuja perversidade da apropriação, superficialização, e usufruto
tecnológico dos costumes alheios eleva-se ao ponto de no próprio
desenho animado ter ainda referência aos elementos, já
massificados, de alguns dos esportes preferidos pelos
estadosunidenses, como baseball,
e football.
Ou seja, além de
vender o produto, existe no processo da fábula globalizadora a
condição de “vender”,
a preços altos, também a imposição de um modo de vida: O modo de
vida já plastificado deles. De quem domina o Mercado. É a “lógica
da perversidade”,
pois, a partir das últimas décadas do Século XX, bem como, na
primeira década do Século XXI, os conglomerados vêm demonstrando
as fragilidades do próprio Mercado baseado na chamada “mais-valia”
sem, contudo, ter a mais-valia como motor principal dessa espécie de
novo capitalismo, cuja mão-de-obra sequer faz-se mais necessária
para a obtenção do lucro. Até mesmo Marx e Engels não alcançaram
o nível dos ganhos com tal limitação dos meios para a produção.
Dessa forma é que,
quanto mais doenças novas e mais terríveis, como a SIDA, citada por
Santos, mais se vende e fatura com caros remédios que os países que
não detém essas tecnologias têm que se desdobrar para pagar os
royalties
às Firmas. Contraditoriamente, quando a Humanidade tem maior
capacidade de resolver, pelo menos, grande parte de seus males está
impedida de saná-los, porque custa caro. Muito caro.
Os aspectos sobre os
elementos que compõem o processo de globalização, no estudo de
Santos, quando contextualizados ao subproduto da arte que é o
desenho animado, “Castores Pirados”, explorado pela indústria
cultural, torna-se inteligível a partir do momento que desvenda a
própria globalização, que para o Autor, nada mais é do que a
“internacionalização
do mundo capitalista”,
uma espécie de extensão do desejo de obtenção de maiores e mais,
muito mais, lucro.
A chamada técnica
da informação foi imprescindível no Século XX para a intervenção
interfronteiras, manutenção e formalização dos serviços e
produtos a ser consumidos, não importando se quem consome
inconscientemente, ou não, saibam o quanto custam às suas Culturas
e Sociedades (além de suas economias, claro!). O preço do consumo,
que, aquém do monetário, é a subserviência aos ditames
estrangeiros, e não aos ditames estrangeiros, especificados
antropologicamente por Hoebel e Frost, como nas invasões
além-fronteiras de séculos passados. Nas quais, o imperialismo
geralmente estava associado, a certa perda das tradições das
culturas dominadas, bem como, da inserção da cultura estrangeira,
que, apesar da exploração dos povos nativos (econômica, força de
trabalho, e outras), ainda se tratava de Cultura vs.
Cultura,
no entanto, a partir do século passado, o discurso mudou de maneira
a que as próprias culturas dominadas pela indústria globalizada
passassem a aceitar a dominação de conglomerados, geralmente
europeu, dos Estados Unidos e Japão (mais no início do Século XXI,
também da comunista-capitalista China) cuja internacionalização
dos produtos industrializados incluíram, e muito, a indústria
cultural, e desta, produtos de grandes empresas como a Disney,
Barbera, e dentre outras, as da Viacom.
A Viacom é um
conglomerado de mídia, ou, “Video
and Audio Communications”.
Possui em todo Mundo, redes de televisão por assinatura, indústria
cinematográfica e demais, se constituindo, pelo menos até o
momento, como a quarta maior no ramo do entretenimento. Tem como
subsidiárias a Paramount Pictures, a Comedy Central, a Bellator MMA,
a MTV, e dentre outras a Nickelodeon. Que, como a Firma que se
mostra, não quer saber que no Brasil, ou outros países, não
existem castores ‘pirados’ ou não, nem se a psique humana
comporta, de maneira a permanecer saudável, elementos cujas
aspirações, moral, desejos, e herança cultural sejam diferentes
das mentes das pessoas estrangeiras a serviço da indústria e do
consumo. Não se trata do que as pessoas (mesmo vista tão somente
como consumidoras) querem, trata-se do que “eles” querem impor
aos demais. Aos demais países e povos.
O que requere outros
aspectos além do econômico: É o político. O tempo real. A
história real, a política real, o Direito real dos povos são
‘atropelados’ pelo chamado “motor-único”,
que é a “mais-valia
universal”
que desintegra conhecimentos diversos, técnicas diversas,
aspirações, desejos e possibilidades de desenvolvimento dos Povos a
partir de suas próprias capacidades de recriação. Portanto, “Os
Castores Pirados” foram ‘atirados’ aos povos como indicativo de
alguma coisa que sequer existe nem mesmo no país de origem de quem
os criou, os Estados Unidos, são de fato a representação do
entretenimento global, portanto, Daggett e Norbert, os dois castores,
bem podem, com toda sua CRETINICE, ser ao mesmo tempo elementos que
aparentam ser a origem dos namorados, e ao mesmo tempo elementos que
conduzem e “criam” toda a trama; podem ser os filhotes fujões
de mãe e pai castores caipiras, e ao mesmo tempo transformarem-se em
ultra cientistas; podem ser bons e ser maus. Podem ser e fazer o que
bem quiserem. Porém, tudo dentro de um mundo todo especial, de um
“mundo” produzido para o consumo global.
Neste aspecto,
somente um processo da “unicidade
da técnica”,
o conhecimento (inda que superficializado) do Planeta, e o que Santos
denominou “mais-valia
globalizada”,
pode explicar o fenômeno da “cretinização” das consumidoras e
consumidores mundo afora. Sim, “consumidoras’, pois para os
arquitetos da perversidade e da fábula não existem “Povos”,
compreendidos como Culturas e Sociedades diversas, com origens
históricas, deliberação, que são Elementos dotados de Direito.
É a fantasia. A
fábula repetida ideologicamente de modo a que pessoas dos mais
díspares lugares e origens passem a gostar e querer as mesmas
coisas, imaginar que sabem das mesmas coisas, e dotar o Mundo do que
Santos chama de “encurtamento
das distâncias”,
mas em verdade vem servindo como mola propulsora do distanciamento
econômico, social, educacional dentro das próprias culturas que a
reproduz, e consome mais e mais os produtos criados por umas poucas
pessoas.
“Mas, e o
Direito?”. Se insere em toda essa controvérsia (quicá, ‘demanda’,
já que trata-se da “glutona” Firma, ou o que vier), tanto no
contexto da Soberania Nacional, ou, o Direito propriamente dito,
quanto no Direito Internacional, muitíssimo execrado pelo já “velho
conhecido” Hobbes.
No Brasil, de
Norte a Sul, tem uma diversificada, porquanto não tão lucrativa,
tampouco não tão conhecida, principalmente mundo afora, gama de
pequenos grupos, e indivíduos que faz da Arte em desenho animado seu
modo de vida. Dentre estes, é possível destacar as indústrias de
Maurício de Souza, da “Turma
da Mônica”,
que pode ser considerada uma exceção, inclusive, que exporta seu
produto para alguns outros países do Mundo, dentre eles o Japão.
Entretanto, não chega a ser a regra, pois o Brasil é uma das
maiores fontes consumidoras mundiais dos produtos produzidos pelos
conglomerados internacionais do áudio visual. Ou seja, para que um
grupo brasileiro da área do desenho animado, especificamente,
sobreviva, ou até mesmo, surja em seu próprio País, é deveras
problemático. É provável que, por tal motivo, desenhistas
brasileiras estejam sendo contratadas pela coisa global, para
produzir produtos que depois retornam ao Brasil por intermédio da
indústria estrangeira para aqui ser consumido e lhe render
dividendos.
Existe ainda o
agravante da hierarquização da produção dentro do próprio País,
já que Rio e São Paulo dominam o mercado, pois, são também a
porta de entrada, no Brasil, de toda ladinização global. “Sem
Pena!”.
O que resulta no fato de várias pessoas criativas dos demais estados
brasileiros, ter que sair de suas terras, para vender sua mão-de-obra
nesses lugares. Buscar maior alcance para sua arte, nos centros que
distribuem e alimentam, no Brasil, a indústria global do áudio
visual.
“Mas, e o
Direito?”. Perpassa pelo processo de “fragmentação”,
na qual o Professor Milton Santos, inclui entre as “perversidades
da globalização”.
Não somente as culturas locais são atingidas. Não é somente o
modo de produzir, de criar, de desejar, é também o modo como as
políticas nacionais são fragilizadas e submetidas a esse tipo de
capital. E, quando a Política Nacional enfraquece, o Direito dos
Povos também enfraquece, pois, no tocante às Leis de dado país ou
existe a Soberania do país, ou o Direito torna-se apenas: O
“direito”. E isso pode ser qualquer coisa que não o Sistema
Constitutivo legislado e representativo do Povo, posto soberanamente
para uma “comunidade
política independente”.
Observação essa, do utilitarista inglês Austin.
Nesse caso a maior
“felicidade
para um maior número de pessoas”,
como garantia do Direito e da Soberania, não vem sendo ‘útil’
aos povos mais sujeitos à globalização. O que, possivelmente
possibilitou, na Atualidade Brasileira, frente ao enfraquecimento da
representação política, ao Direito recrudescer, positivamente, nos
aspectos de ações fomentadas por dadas instituições jurídicas,
devido principalmente ao clamor da Sociedade Brasileira. A qual, ao
mesmo tempo que sofre a incidência da fragmentação de seus
costumes e economia, vem exigindo outras coisas além do consumo.
E justamente o
comportamento, de certo modo ‘globalizado’ (pois em muitos outros
locais Mundo afora é perceptível ações que interferem na jogada
perversa das Firmas), das pessoas no Brasil que agem de modo a que
suas aspirações, que estão fora da chamada “hegemonia da
racionalidade dominante”, possivelmente, faça surgir, em meios
“inesperados”, desenhos animados como a “Turma do Xaxado”, na
Bahia, cujo principal personagem é representativo de um tipo bem
local, como as pessoas do Sertão Brasileiro. E mais ainda. Talvez,
devido ao que Santos cita como: uma espécie de “incapacidade”,
ou, “desinteresse”,
existem pessoas individualmente ou em grupos, que “não
é mais capaz de obedecer a leis, normas, regras, mandamentos,
costumes derivados dessa racionalidade hegemônica”.
Portanto, os próprios excessos da perversidade da globalização,
vem dando “armas” para que, qualquer, pessoa, sendo conhecedora,
detentora da técnica do desenho, ou não, possa comprar, em várias
esquinas, no Brasil (e em outras partes do Mundo), artefatos
tecnológicos que permitem filmar, fotografar, transferir, e dessa
forma, produzir desenhos animados. Fenômeno amplamente divulgado na
Internet. Ou seja: a “escassez”,
produziu o apetite por novas “explicações”
dos, chamados, “metedores
da globalização”.
Voracidade não mais atendida, pois, o “just-in-time”
já foi apropriado pelas consumidoras. E o Direito na Sociedade,
passa a ser Soberano de novo, inda que claudicante.
Ironicamente, no
sentido grego desse termo, quando os chamados “donos da
globalização” detêm dada estabilidade (ou pensam que detêm) de
acesso ao Mercado, internacionalmente, pois já espraiou Mundo afora
sua ideologia, é justamente, para o Professor Milton Santos, que
transparece o cerne da mudança, ou, “as
condições empíricas da mutação”.
As contínuas emergências das massas, dessa espécie de mistura e
inter-relações tanto política, quanto econômica nos âmbitos
“intercontinental”
e “intranacional”
das populações. É quando tende a uma “verdadeira
colonização do Norte”,
(em se tratando do Hemisfério), com sua consequente
“informalização”,
e similares relações sociais dos chamados “países
subdesenvolvidos do Sul”.
Significa dizer que
a racionalidade hegemônica decresce a passos largos. O subemprego, a
economia informalizada em maior ou menor nível, favorece o
“reequilíbrio
em favor da sociedade local”.
Isso favorece também velhos e novos reencontros entre as pessoas, e
dessa forma, favorece também o ancião costume, Humano e
Aristotélico, do exercício da Política.
Ironicamente, quiçá
também no sentido grego dessa palavra, atualmente existem páginas
da Internet, nas quais, quaisquer pessoas podem desenhar, ao seu bel
prazer, os personagens “Castores Pirados”. E nessas páginas de
relacionamento social e artístico, é possível desenhar e inserir
as figuras, sem pagar royalties.
Inclusive porque, as possíveis alegações baseadas nos Tratados
Internacionais de Comércio tornam-se quase impraticáveis nestes
casos, devido às ações e inserções, que aproveitam-se da WEB,
serem dotadas de incrível velocidade de uso contínuo, e locais
diversos. Bem como alguns desses locais, no Planeta Terra, devido a
questões políticas unilaterais, ser praticamente inacessíveis.
Tente uma Viacom ‘da vida’, reclamar com base no Direito
Comercial, que tais sites, blogs, vlogs, e outras coisas mais, têm
como sustentação provedores localizados no Afeganistão, por
exemplo. Ou nos virulentos territórios ocupados pelos infames
ideólogos do Estado Islâmico. Ou até mesmo, politicamente, em
locais mais “leves”: Tentem convencer a Rússia que, parte
considerável de materiais que circulam na WEB, são oriundos de
provedores daquele país.
Provavelmente, por
situações emblemáticas, como as citadas acima, é que permite
Santos dizer que a “globalização
atual não é irreversível”.
Afirmação, a qual, a
priori,
demonstra ser não muito crível, entretanto, sua justificação para
tal afirmativa, reside no fato de que, para ele, a globalização é
na verdade uma ideologia restritiva e superficial, pois baseia-se em
“construções
intelectuais fabricadas antes mesmo da fabricação das coisas e das
decisões de agir”.
Portanto, a
limitação, a perversidade, a fábula inibidora das ações e
pensamentos do outro, é o seu ponto fraco, pois um pretenso futuro
passa a ser visualizado pelas pessoas como algo também limitado ao
que se apresenta no presente imposto pela já desgastada e
insuficiente globalização. Ideologia monetária que se impôs
inclusive às ideologias tradicionalmente políticas. Entretanto, a
qual, nem por isso deixa de ser ditatorial e opressora, como descrito
em Marx e Engels, pois, a ideologia que se impõe a outra ideologia,
para se manter, tem que ser mais totalitária. Quase como a opressora
personalidade do egocêntrico personagem Daggett “Dag Castor”. O
irmão de Norbert, nos “Castores Pirados”.
Se para manter-se,
o processo de globalização, o carro chefe da Firma, exige tempo,
espaço e agir homogêneo, sustentado por uma ideologia que não
possibilita outra perspectiva aos povos, se não a atual. Justamente
é a falta generalizada, que além das camadas mais baixas da
sociedade, atinge também as medianas. As doenças; a qualidade de
vida periclitante, bem como o acesso a certas tecnologias. Assim como
uma estonteante politização. Pois, até mesmo as pessoas mais
carentes de acesso aos bens públicos ou privados, dão prova de sua
humanidade ao se conscientizarem de que são seres dotados de
Direito. São seres Políticos.
Essa “necessidade”,
que, talvez, possa ser inserida como uma das respostas à pergunta:
“você
tem fome de que?”,
da Banda Titãs, exibe-se como necessidades várias das camadas mais
pobres das sociedades. Necessidades essas, que no Brasil Atual chegou
às classes médias. Ao que Santos expôs como sendo uma variedade
de coisas, a escassez pluralizada, que termina por atingir a todas,
pois, o que foi necessidade ontem para dado grupo, no futuro próximo
passará a não mais ser, e já ser a necessidade de outros grupos. E
este processo, situado no espaço urbano, ou em espaços com pessoas
diferenciadas convivendo, passa a ser o espaço de ideais inúmeros,
e as mais diversas reações possíveis.
Ou seja:
Atualmente, quando se intentam lograr o controle máximo, é
justamente quando se faz, na sociedade, mais descoberta, portanto
mais descontrole, mais contradição, e desse modo, é que, quem
desejar se arvorar a recriar tipos tais como “Castores Pirados”,
podem assim fazê-lo. E sem sair do seu quarto de dormir, ou de seu
espaço de conforto. Seja em um apartamento no Caminho das Árvores,
seja no seu barraco no Bairro da Paz (ambos localizados em Salvador,
na Bahia, no Brasil). Ou, como mera distração, enquanto aguarda a
aula do Professor Homero C. Gouveia, no quintal, com frondosa árvore,
da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.
“just-in-time!”. >>
***
leiam o livro de ângela frança de brito:
"crônicas de são salvador da bahia no século xxi"
ângela frança de brito. salvador-bahia-brasil, 29/01/2018