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RESENHA “THE COLD LIGHT OF DAY’ – ‘ISCA MORTAL” (Robsbawn e a Guerra Fria)


fonte: google

ÂNGELA FRANÇA DE BRITO 2013

RESENHA
“THE COLD LIGHT OF DAY’ – ‘ISCA MORTAL”
(Robsbawn e a Guerra Fria)

 O Filme longa metragem, dos gêneros Drama e Suspense: “The Cold Light Of Day”, que no Brasil foi traduzido como, “Isca Mortal”, do Diretor Rudolf Van Den Berg, Roteiro de Doug Magee; Direção de Fotografia de Igor Luther; Musica de Stefan Truyman e Yves Elegeert. Tem como Atores Principais, Lynsey Baxter, Simon Cadell, Richard E. Grant, e a Atriz Iniciante, Perdita Weeks, foi realizado no ano de 1995, filmado na República Checa, entretanto, foi ambientado na Europa Oriental na década de oitenta, bem no início da dissolução do Comunismo nessa Região.

 Trata de uma série de crimes sexuais cometidos por um assassino serial, contra meninas, na floresta de Bronov, cujo responsável principal pela investigação, uma espécie de delegado, Pavel Novak (James Laurenson), tinha como auxiliar, um especialista em informática, dos Estados Unidos Victor Marek (Richard E. Grant), o qual, desde o princípio da investigação, opõe-se à forma de interrogação do principal suspeito Alexi Berka (Thom Hoffman), cujo pai, era um professor universitário, que, poucos anos antes, caiu em desgraça junto ao governo comunista, foi torturado e morto, deixando a família também em desgraça, principalmente esse personagem, que, inconformado com a sorte do pai, tornou-se viciado em drogas, e dessa forma, vivia como um “pária”. Era totalmente desconsiderado pela sociedade local.

No contexto sócio cultural e político, no qual o Filme foi ambientado, pode-se perceber a frágil democracia do lugar, demonstrada continuamente pela tênue linha entre o inicial reconhecimento das liberdades individuais, e o costume duro do Regime Comunista, amplamente demonstrado em seus estudos, por Eric Robsbawm, no livro: “A Era dos Extremos”, que trata, dentre outros aspectos, do Período da Guerra Fria, entre os dois principais representantes dos regimes democrático e comunista, os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

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 É perceptível a tensão, entre o Inspetor dos Estados Unidos, Victor Marek, e os Policiais da Europa Oriental. O Chefe, Pavel Novak, com a recente abertura proporcionada pela incipiente democracia local, interessado em eleger-se para um cargo público, preferiu destacar-se, junto à População, dando-lhe um “assassino”, e para isso, torturou o jovem suspeito, matando-o, como anos antes fizera com seu pai, e, em seguida forjou seu suicídio, e de fato, elegeu-se. O que causou revolta no Inspetor dos Estados Unidos, que pediu demissão e resolveu investigar o caso por conta própria, pois, afinal, o verdadeiro assassino ainda estava à solta.

No Filme: “The Cold Light of Day – Isca Mortal”, a contradição entre o desejo de liberdade e democracia, e os costumes arraigados da dureza e falta de liberdade, além da pobreza latente e falta de recursos tecnológicos da Europa Oriental, que para Robsbawn, foi uma das causas importantes que fez a URSS ‘perder’ a Guerra Fria, foi muito bem representado, pelo uso da informática, pelo especialista dos Estados Unidos, que descobriu o verdadeiro assassino ao cruzar dados das placas dos automóveis que passavam na estrada entre Bronov e Liban.

A Obra do Diretor Rudolf Van Den Berg, tem como principal mérito, a demonstração, por meio da arte, da condição sócio-política da Europa Oriental durante a década de oitenta, quando Mikhail Gorbachev, com uma certa contribuição de Ronald Reagan, reconheceu que o Sistema Político-Econômico Comunista falhara. E, o latente clima de medo proporcionado pela Guerra Fria, estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, devido ao desenvolvimento tecnológico e à Globalização, não cabia mais na segunda metade do Século XX.

Tanto a fotografia, com cenas, contraditoriamente, claras e sombrias na floresta; um assassino perverso oculto em meio à Sociedade; o medo latente, e a mentira engendrada pelas autoridades locais para esconder as falhas do sistema, quanto a música de orquestra, com um coro infantil, em tom menor, demonstra o ‘vazio’ e a falta de perspectiva das pessoas locais durante o período pós-comunismo. Porém, O Filme demonstra também que os Povos podem ter esperança, quando se aventuram a questionar os fatos, e estabelecer a verdade, e somente assim se tornar livre, como fez o Inspetor Victor Marek. 

ÂNGELA FRANÇA DE BRITO SALVADOR-BAHIA-BRASIL TEXTO SOCIALIZADO EM 16/04/2014.

ângela frança de brito. salvador-bahia-brasil, 18/04/2018


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de: ângela frança de brito