francisco goya y lucientes, pintor espanhol dentre os séculos xviii e xix. na então conservadora espanha, quando em 1796-98 pintou 'la maja desnuda', foi denunciado à inquisição e considerado um "obsceno", ao mostrar uma mulher em um nu frontal, no qual, somente uns seios aparecem, e das entranhas feminina, apenas se sobressaem umas curvas triangulares da barriga...
porquanto sua fama e capacidade se espalhasse pela europa, goya não escapou dos reveses contextuais de seu país, no século xix, de miséria, injustiças e guerra... e, como bom fazedor de arte que era, usou a simbologia de maneira aterradora para mostrar tal contexto social.
na obra 'o colosso', 1808, aparece uma figura gigantesca, um tanto agitada, porém, de costas para uma paisagem destruída e em confusão. em 1814, com 'o três de maio de 1808', deixou registrado ao mundo o quanto valem as pessoas durante as guerras. as fisionomias de pavor e derrota dos fuzilados no muro, lembra um pouco ainda a atual "chicana" do governo comunista chinês, que faz a família apenas se conformar em pagar a bala que mata seu povo. coisa "pavorosa", para um povo, mas, que goya ampliou na obra: 'saturno devorando um de seu filhos', 1820-23. o comedor das carnes aí, é o estado corrompido, violento e "faminto" em impor suas regras, que, na historicidade humana, não são as mesmas coisas que as leis, as quais, por sua vez, não são sempre a justiça.
nesse período da vida, o lucientes, já enclausurado em seus próprios desgostos e mágoas, foi considerado louco, pois, enquanto nos retratos da família de carlos iv mostrava uma gente medonha em belos, casuais e ricos ambientes, ele foi considerado "lúcido", ainda que um "devasso", quando o horrendo aspecto sócio-cultural de seu tempo exigiu de si uma representação artística, menos "casual", foi dado como "louco".
ainda bem que, atualmente, sabemos o quanto o monturo mais horroroso, pode ser belo, basta ser visto pela arte. pena que, apesar desse importante registro artístico, as pinturas de goya não ensinou muito a quem quer que fosse naquela terra, e no século xx, a espanha viveria momentos de ditadura, misérias, e morte...
vejam o livro: 'arte comentada', de strickland, carol. ediouro, 2004. darte. ssa-ba, 21/08/2009
