ARTE CEMITERIAL: VAMOS CUIDAR DO QUE TEM IMPORTÂNCIA PARA NÓS...

a arte cemiterial, ou ainda, arte funerária, ou arte tumular, ( não se assustem!) nada mais é do que o conteúdo cultural existente nos cemitérios. é o contexto histórico, político, econômico, e demais, contidos nos elementos que constituem esse ambiente.

nos túmulos de mármores, nos elementos ornamentais de bronze, prata, ou até mesmo folheados a ouro, e nas chamadas "carneiras", nos túmulos de terra batida, demarcados com cruzes de cimento caiados de branco, na divisão espacial dos cemitérios, concepção arquitetônica e urbanística, é que podemos perceber as diferentes camadas sociais, as histórias particulares, que no conjuto se torna a história coletiva, e os vultos e personalidades históricas enterradas nesses locais, e a partir dessa percepção podemos conhecer a nossa memória coletiva preservada nesse tipo de patrimônio material (e bote 'preservada' nisso!), e contextualizar esses vários aspectos com a nossa sociedade atual.

como?  através do patrimônio material, e imaterial também, da arte cemiterial, temos a possibilidade de questionar alguns acontecimentos cotidianos, inclusive os que escutamos e lemos nos jornais, e começarmos a refletir sobre fatos atuais que vêm se não se 'perpetuando', ao menos mostrando similaridades com fatos acontecidos no passado.

na bahia, o cemitério campo santo, no bairro da  federação, guarda túmulos de vários personagens de nossa história, e um deles chama-se horácio queiroz de matos, ou horácio de matos, chamado: "governador dos três sertões". o túmulo é belo, os elementos decorativos são ricos, porém, é interesante conhecer a história desse personagem, e sua trajetória no início do século xx, na bahia. perguntar, por exemplo, por que horácio da mata e seu exército foi convocado para combater a coluna prestes, e assim o fez, motivado, principalmente, pelo fato da coluna prestes, durante a passagem pela bahia, ter matado dois parentes seus, e logo depois, já no goveno de vargas, durante a tentativa de desarmar o sertão, horácio foi preso em dezembro de 1930. e, em 15 de maio de 1931, foi morto com três tiros, atiraram pelas costas...

conta a história, que centenas e centenas de baianas e baianos, com a morte de horácio de matos, tiveram que sair da bahia, ja na ditadura vargas... centenas e centenas de armas foram apreendidas...

a arte cemiterial suscita assuntos mais sérios e "tenebrosos" do que a pura e "simples" morte. tudo, a partir de um jazigo... além da beleza decorativa, temos tantas coisas para ver, e perguntar apenas com uma visita ao cemitério... e podemos fazer enquanto vivemos, porque depois...

viva a beleza, o nosso patrimônio cultural, e a nossa história! ângela frança de brito. ssa-ba, 12/01/2011