na página: "hora do conto"
MAMÃE
SAPECA! MAMÃE SAPECA!
Por:
Ângela França de Brito
“quase não
tenho mais satisfação. quase não tenho beleza. sem parte de minha vida. a
tristeza me assola, meus sentimentos estão frios, sinto pouco os sabores, não
tenho maiores alegrias, sou despida de quase tudo. quase nada já tenho, pois já
não sou mais amada por minha mãe. como ousou a morte, tirar minha mãe de mim!?”
â.f.b.
Mal abri os olhos, lá estava ela me namorando com um
olhar terno e satisfeito. Era assim, quase todas as manhãs, Mamãe me acordava
para o café, com uma expressão de êxito interior, como se, o simples fato de me
ver, tocar, cuidar de mim, lhe fizesse um bem enorme. Certa de que era amada,
fazia-me manhosa, bocejava, e me embalava, enquanto postava-se encolhidinha,
para ser acariciada pelos braços quentes de Mamãe, que, me envolviam
deliciosamente, como a acalentar um bebê. Ficávamos minutos agarradinhas, até
ela, decidida, ordenar: _Vamos Mariana,
hora de levantar! Fingia-me então zangada, virava-lhe as costas amuada. Ela
puxava-me forte e gostoso para junto de seus braços, mais uma vez, e beijava-me
repetido. Falava baixinho ao meu ouvido: _Vamos menina linda, hora da escola!
Depois saía para cuidar das coisas... até os doze ou treze anos, ela acordava-me de manhã, me
amando explicitamente. Entretanto, em um
dia de sábado, algo mudou nossas vidas... ângela frança de brito. ssa-ba, 11/05/2013