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"MANTENHAM ACIMA DO CORAÇÃO"

certa vez, quando estava na eba (escola de belas artes da universidade federal da bahia), nossa professora de "processos artísticos" começou a nos inquirir, se existiam critérios para que um trabalho artístico fosse considerado "arte", ou, uma "obra de arte". existem sim.
 
percebemos então que, dentre os vários critérios, o principal é a escolha da observadora (or) da arte criada e exposta, pois, é a partir daí, que poderá suscitar o outro e mais poderoso critério, que é a atemporalidade.

há anos atrás, descobri um filme, realizado em 2007, que no brasil, recebeu o título: "eu sei quem me matou",  (i know who killed me), ou, uma tradução semelhante. esse filme tem como atriz principal lindsay lohan, além da bela kenya moore, e excelente julia ormond, dirigidas pelo diretor chris sivertson,  além da trilha sonora de joel macneely.



vi arte nessa história. na história de uma jovem, que tinha uma boa vida, com mãe e pai maravilhosos, um namorado dentro dos padrões hollywoodiano, amigas, e talento para escrever e tocar piano. entretanto, ela sentia que faltava alguma coisa...  


se contar mais detalhes, acabarei "delatando" o principal mistério dessa história, portanto, volto a mim mesma, e "desvendo": a arte que vi no filme está nas cores, principalmente azul e vermelha, quase sempre cercada pela sombra e luz miraculosas, nitidamente, utilizadas para servir  ao cenário de coisas não reveladas, que deu o tom ao filme...  vi arte, na música em tom menor, lamuriosa, que acompanha e mostra todo drama envolvido na questão. no rock, "step on inside" da banda  vietnam, forte, sexy, e sugestivo. vi humanidade, pois o suspense voga sobre dramas de fracassos, inveja, sexualidade ora idealizada, ora reprimida, compaixão e amor.

 "eu sei quem me matou", não agradou à crítica, inclusive foi amplamente indicado ao prêmio "framboesa de ouro", teve nove indicações, e dessas, foi "agraciado" com oito premiações. creio que não "descobriram", se o filme é terror, suspense, ou, somente uma "porcaria" mesmo. 

o filme é um drama com suspense, pois, o tom de mistério, está em todos os gêneros, inclusive na comédia... um filme "fácil", com muitos clichês, talvez por esse motivo tenha desagradado. agradou a mim.


estava elaborando, mentalmente, esse texto, há dois dias, e o faço, em nome de pessoas que recriam  arte, e têm poucas chances de mostrar seus trabalhos.  mais ainda, de sequer inseri-los no chamado "mercado das artes". várias dessas pessoas, passam a utilizar-se de espaços online para registrar seu modo de vida ao mundo e, em muitos momentos, recebem críticas atrozes sobre seu fazer artístico, muitas vezes de pessoas que, técnica e metodologicamente, pouco ou nada entendem das artes. dentre essas pessoas, vários "mercadores", que estão aí tão somente para atender a dados grupos. essas pessoas querem é dinheiro! nós também queremos! mas, quem recria arte, quer muito mais do que isso...


em uma cena de "eu sei quem me matou", um personagem diz à protagonista machucada: "(...) mantenha o braço acima do coração (...)",  gostei da cena, pois nos exibe o poder da intuição, que, em momentos cruciais, auxiliam o raciocínio. o que faz desse texto, não ser uma crítica, a nada! nem ao filme, nem aos mercadores das artes, nem aos críticos de cinema. é para dizer a quem recria a arte, mesmo que não consigam se manter economicamente, se continuarem a querê-la como modo de vida, prazer, e realização: mantenham-na "acima do coração".     ângela frança de brito. ssa-ba, 03/06/2013