8 de dezembro de 2012

“COISAS QUE QUALQUER PESSOA PODE VER”

se em 1839 louis daguerre comunicou ao mundo uma nova técnica de captar imagem em momentos únicos, além da pintura e do desenho, por meio dos daguerreotipos, neste século xxi, preferi não fazer oposição nem à pintura, nem ao desenho, nem a qualquer técnica que me proporcionasse criar composições fotográficas, e “fabricar” os “momentos únicos”, os quais, me interessam mostrar.

por esse motivo, é que desde o segundo semestre de 2008, venho rebuscando minhas “velhas” fotografias, algumas da década de noventa, do século xx, estudando-as, e recortando-as, para um novo uso, uma nova serventia.

já que estava excitada com idéias “diferentes”, sobre como criar minhas novas fotografias, resolvi rever também “velhos” desenhos, e materiais de pintura, os quais, também utilizei, lhes dei novo uso.

o que quero dizer é que: arte, é antes de tudo forma, principalmente para quem vê depois de elaborada. mas, para quem elabora a arte, também é conteúdo, vindo de conceitos vários, a priori, particularizados, por vir, antes de tudo, das ideias e experiências de quem cria.

neste ano de 2009, venho colocando em prática, a tese de que a fotografia pode ser recriada a partir de desenhos e outras fotos minhas, ou de outras pessoas, bem como, seu conteúdo pode expressar conceitos óbvios, como a exploração da imagem da mulher no cinema, a partir de uma visão, minha, porém, que não deixa de ser também um fato histórico, social, econômico e político, que qualquer pessoa pode perceber, ou melhor, ver.

ou ainda o desmonte do belo original, que é, a princípio, algo cultural, e local e relativo, pela indústria da beleza a qualquer custo, globalizada, e “eterna”, enquanto se puder ser “comprada”, mas, até que ponto, ou até que custo?

 também a violência, na atualidade, de tão “cantada e decantada” parece até mesmo que é algo incontrolável e “natural”, somente digna de valoração, na medida em que pode ser vendida e comprada, mesmo os mais temíveis e cruéis criminosos, já se sentem bem, em frente às câmeras; matam, traficam, estupram, torturam, e quando têm oportunidade, fazem declarações de amor às suas famílias, declaram-se vítimas da sociedade, muitas vezes gabam-se sobre seus conhecimentos e eficiência no crime, e até mesmo, mandam recados para certas personalidades da televisão, etc., etc., etc., tudo de acordo com o momento, e interesse particular de cada um, tudo muito visível e com uma bisonha “glamurização”. afinal, quem é mesmo mas violento? o que é mesmo a violência?

esses pensamentos são bem particulares, que brotaram, me possibilitaram renovar meu “velho” material fotográfico, de desenho e pintura, juntá-lo com novos desenhos a partir de 2008, para então, colar, desenhar, e pintar, montar e remontar imagens, para compor as fotografias presentes. podem ver! qualquer pessoa pode ver. salvador-bahia, 18/03 a 08/06/2009. Ver fotografias em: www.flickr.com/photos/angelafrancadebrito .   ângela frança de brito. ssa-ba, 08/12/2012