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a estátua do deus apolo,
encontrada na faixa de gaza, nos mostra um deus da beleza, luz e pureza, com
aspecto amargurado. os traços, não insinuam leveza, o que dá a impressão de ensimesmamento,
quiçá amargura, pois, revela internalização, até mesmo uma certa ‘preocupação’.
o apolo do oriente médio “está em si”, como falam os existencialistas, e não “para
os outros”. a estátua, de metal, revelada ao mundo em 2014, foi encontrada em
2013, com cerca de quinhentos quilos. calculam-se que tem aproximadamente 2.000
anos. o apolo do oriente médio é “feio”.
filho de zeus e leto, apolo,
o belo, nasceu em delos, depois de sua irmã artémis, que o antecedeu para
ajudar no parto dele. mistérios ante a racionalidade, graças à mitologia. é
considerado o deus da pureza, e da verdade, por isso também é conhecido como "febo"
o sol. dessa forma, tinha o poder de
purificar os pecados, provavelmente por tal motivo, foi patrono do oráculo de
delfos, um dos mais importantes da antiguidade grega. influenciava os ciclos
das colheitas dos rebanhos, e os marinhos.
em suas aparições, muitas vezes trajava um manto, talvez por sua aura ser
deveras brilhante. outras, flechas, ou ainda uma lira de ouro, presenteada por
hefesto, seu deformado irmão, deus das forjas e fogo.
apolo de leocarés - louvre |
porquanto sua beleza e
resplendor fossem extremos, e símbolos da pureza, em apolo se revelam outros
componentes, quando se refere à sua irmã gêmea artémis, a caçadora, deusa da
castidade, e serena luz, que se apaixonou perdidamente por órion, entretanto,
acabou matando-o com uma flecha, ao ser desafiada pelo irmão apolo, que o fez pelo
terrível ciúme que dela sentia, e enganou-a fazendo atirar no seu amor. apolo enganou
artemisa, ou ainda, cíntia, ou cindi, pois nasceu no monte cintio, ao criar um
perigoso escorpião que perseguiu órion enquanto este fugia. restou a artémis,
como último gesto de amor, a dádiva de zeus em transformar, o escorpião e órion,
em constelações. a constelação de órion se põe antes da constelação de
escorpião. o “mal”, lançado por apolo,
seu irmão, nunca alcança seu amor...
apolo não era somente o deus
da beleza. era da harmonia e do equilíbrio. Entretanto, tinha como animais
simbólicos, a serpente, o corvo, e o grifo. a serpente símbolo do ciclo do
retorno, da vida eterna, o corvo, o animal que anuncia a morte, um condutor de
almas, e o grifo, um animal sem vícios. também simboliza a pureza, exaltadas em
seus ovos de ouro, ou ágata, como querem alguns; era quem lutava e destroçava o
basilisco, animal rasteiro e infame. o grifo está relacionado à inteligência,
às artes, à justiça, e ao signo de libra. a mítica figura do grifo, tem grandes indícios de ter surgido no oriente
médio. era muito considerado pelos
babilônios, assírios e persas.
artémis - louvre |
a deusa caçadora, era o símbolo da castidade, e
para segui-la, as mulheres tinham que fazer este juramento. entretanto, não se
explica onde se encaixa sua paixão tórrida, e amor por órion, nem tampouco seu
profundo ódio por adônis, que se arvorou ser melhor caçador que ela, com a sua pureza
e bondade. em todo esse arcabouço simbólico, talvez tenhamos um indício da estátua
de apolo ter sido encontrada, nesta parte do mundo, e com características tão
próprias... do apolo “feio” e amargurado.
ciumento e, simbolicamente, de comportamento freudiano, apolo, detinha a fama da harmonia e do equilíbrio, mas, exigia egoisticamente
o amor da irmã artemisa somente para si.
a figura do apolo do oriente médio, nos remete
à profundidade contida nos arquétipos, e demonstra que um só elemento, mítico
ou não, pode conter em si “micro arquétipos”, deliberado em um arquétipo maior,
geralmente considerado como único, e definido, e contraditório. o que nos faz
refletir sobre as sutilezas dos estereótipos sociais, bem como, reafirmar sua
fragilidade, ante a profundidade dos arquétipos, cultural e socialmente
reconstruídos, através do espaço tempo. este apolo do oriente médio, esta
estátua representativa de um momento do fazer artístico, que afirmam, a
priori, ter sido, cerca de dois mil anos atrás, como arte, permitirá várias
interpretações, a partir de percepções individuais, que muitas vezes coincidem,
portanto, este apolo do oriente médio é “feio”, é amargurado, é frágil, e é
uma bela obra de arte.
ângela frança de brito. ssa-ba, 17/02/2014