![]() |
ângela frança de brito - fotografia, museu de arte moderna da bahia |
"AFRODITE A MORTE E A FESTA
Dava as 08:00’h e o povo tomava conta dos derredores. Escutavam-se a batucada. O samba “comia no centro”! Os tradicionais sambas de roda reviviam, mais jovens do que nunca, e concorriam com as bandas que tocavam todo tipo de música. Em alguns momentos tudo se confundia: as músicas, as vozes, os louvores, porque, a Lavagem do Bonfim, é uma festa religiosa, dos candomblés, dos cristãos, de tudo quanto é gente! Oxalá, Jesus, e os Jegues, as danças, as músicas e a fé, faziam uma multidão caminhar cerca de oito quilômetros, sob o extenuante sol do verão baiano, e ainda, cantar, dançar, e dizer alegremente: “_Quem tem fé, vai a pé!”.
As 08:30’h, Afro foi até o quarto de Rosa. Abriu a porta e sorriu terno, pois, emanava uma paz incrível do ambiente. Das janelas arcadas entrava uma brisa fresquinha, adornada por uma claridade suave, domada pelas cortinas transparentes. A moça olhou longamente o quarto da mãe, caminhou até a janela e olhou a Baixa do Bonfim, o mundão de gente, andando, conversando. Outras, dançando, outras comendo e bebendo, pândegas! Tanta vida! A moça sorriu aliviada, sentou-se na cadeira rococó, que ficava em frente à penteadeira, repleta de perfumes, e maquiagem, pois Rosa sempre foi muito vaidosa, e arrumou-se. Limpou o rosto. Passou pó e batom. Depois, penteou cuidadosamente os cabelos enormes, como os da mãe, mas, muito crespos, diferente dos cabelos lisos de Rosa, e saiu, bela e trigueira, para entregar a Mãe à Terra.
Vivaldão sorriu e a abraçou, dizendo: “_Isso filha!(...) ". https://arteparatodomundover.blogspot.com/p/livros.html
ângela frança de brito. salvador-bahia-brasil, 27/02/2025